quinta-feira, 28 de junho de 2018

17 DE TAMUZ - SHIV'Á ASSAR BETAMUZ


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A partir deste domingo (01 de julho de 2018), judeus de todo o mundo entram num período de luto que perdura por três semanas. Denominadas de Bên Hametzarim - "em meio às aflições", numa alusão ao versículo do Tanach, "Todos os seus perseguidores a sobrepujaram em meio às aflições" (Eichá - Lamentações 1:3), as três semanas se iniciam em 17 (do mês judaico) de Tamuz e culminam com o dia de Tishá BeAv - 9 (do mês judaico) de Av, considerado como o dia mais triste do Calendário Judaico. Ambas as datas estão diretamente relacionadas às maiores tragédias ocorridas ao povo judeu.

Vamos aos fatos!

Em 1313 AEC (2448 no Calendário Judaico), quarenta dias depois da entrega da Torá, as primeiras Luchot Habrit (as Tábuas da Lei), que continham os Dez Mandamentos, foram quebradas por Moisés, que, ao descer do Monte Sinai vislumbrou o povo judeu adorando um bezerro de ouro. Esses eventos estão narrados na Torá (a Bíblia judaica, nos livros de
Shemot 32 (Êxodo) e Devarim 9 (Deuteronômio).

Bem mais adiante, em 586 AEC, na época do 1º Beit Hamikdash (Templo Sagrado, localizado em Jerusalém), os dois sacrifícios diários foram suspensos interrompendo uma prática que se iniciou ainda no Monte Sinai. Na mesma data, o rei, da casa de David, Tzidkiahu (Zedekias - 618 AEC - 561 AEC) foi capturado ao tentar fugir dos invasores babilônios, comandados por Nevuchadnetzar (Nabucodonosor)para Ierichó (Jericó). 

Já em 70 EC, legiões romanas encabeçadas por Tito, conseguiram quebrar as muralhas da cidade de Jerusalém e entrar na cidade. Esse fato levou à conquista e, posteriormente, à destruição do 2º Beit Hamikdash e ao exílio dos judeus pelo mundo, que perdura até hoje.

Outro episódio marcante desta data foi a queima de um Sêfer Torá (o rolo da Torá), perpetrada por Apostomos, o grego. 

Por fim, um ídolo foi colocado no pátio do Beit Hamikdash, uma verdadeira humilhação ao povo judeu. O Talmud discute se esse fato aconteceu na época do 1º ou do 2º Beit Hamikdash.

O Judaísmo acredita que existem razões espirituais para os acontecimentos mundanos, por isso dedica esse período e, em especial, essas duas datas de 17 de Tamuz e 9 de Av à introspecção e jejum. Para mais informações sobre leis, costumes, bem como, horários de início e término dos jejuns, acesse o link:

https://docs.google.com/document/d/1qjrllg3X1x0jype_f6DcFCeLPwATFR0UqWx5UUADF8/edit

segunda-feira, 25 de junho de 2018

CONTANDO O TEMPO

PRIMEIRO PASSO PARA ENTENDER HISTÓRIA JUDAICA

Contar o tempo faz parte de nosso cotidiano. Quantas vezes olhamos o relógio durante o dia ou não saímos de casa sem saber o dia do mês ou da semana que nos encontramos? Estamos sempre conectados com o calendário conferindo os feriados, os aniversários, etc. Tecnicamente essa contagem é chamada de tempo cronológico. Existe também a contagem de tempo histórico, que está relacionado às mudanças e transformações comuns sofridas pela própria sociedade, numa determinada época. 

Enquanto que o tempo cronológico é regulado por medidas exatas (dias de 24 horas, meses de 30 ou 31 dias, etc), o tempo histórico considera os eventos em si, sem se preocupar se são de curta ou de longa duração (Idade Média perdurou por 1000 anos e Idade Moderna, 4 séculos). 

Em História, as duas formas de contar o tempo são importantíssimas, complementares e organizam a existência do ser humano. Vale destacar que o modo de contar o tempo pode variar com a crença, a cultura e os costumes de cada povo. Para se ter uma ideia, oito tipos de calendário são usados no mundo! 

Como estamos falando de História Judaica, neste espaço usaremos dois calendários como referência: o calendário judaico e o calendário gregoriano.

CALENDÁRIO JUDAICO

Desde os primórdios, a Torá (a Bíblia Judaica) traz seus principais eventos situando-os no tempo. Os sete dias da Criação; o nascimento e a morte das personalidades que aparecem no texto sagrado e, praticamente, todos os eventos descritos estão datados, inclusive com dia e mês.

Contar o tempo é tão essencial ao povo judeu, que a mitzvá (mandamento) de Consagração do Mês (Kidush Hachodesh) - o dia em que se começava a contar o novo mês, a partir do nascimento da lua nova, é considerada como a primeira mitzvá dada aos judeus como nação. Originalmente esse ritual acontecia mês a mês e cabia tão somente ao Sanhedrin de Jerusalém (Tribunal Rabínico) consagrá-lo. A cada novo mês determinava se este seria de 29 ou 30 dias. O Calendário Judaico foi fixado no século IV pelo grande sábio Hilel, que previu a dissolução do Sanhedrin e voga até os dias de hoje. 

Os judeus consideram a Criação do Mundo o fato histórico disparador de sua contagem. Assim, se, pelo Calendário Judaico estamos no ano de 5778, o mundo existe há 5778. 


CALENDÁRIO GREGORIANO

Promulgado pelo Papa Gregório XIII, em fevereiro de 1582, tem como fato histórico disparador o nascimento de Jesus. O que aconteceu antes desse fato será tratado como AEC (Antes da Era Comum) e, depois, como EC (Era Comum).


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Na minha opinião, um dos maiores desafios enfrentados àqueles que se aventuram nos caminhos da História Judaica é se localizar no tempo, ou seja, como lidar com as diferenças entre o uso do Calendário Judaico e o Calendário Gregoriano.

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 A MATEMÁTICA ENTRE O CALENDÁRIO JUDAICO E O GREGORIANO

A diferença entre os dois calendários é de 3760 anos (ou, de acordo com algumas opiniões, 3761). Por exemplo, se quisermos saber quando ocorreu a saída do Egito e a entrega da Torá, (ano de 2448 do calendário judaico), subtraímos 3760 de 2448 e obteremos o ano de 1312 AEC.
A conta reversa também pode ser aplicada. A expulsão dos judeus da Espanha em 1492 (calendário gregoriano) corresponde ao ano de 5252 do calendário judaico.

Se gostou, compartilhe. Se tiver dúvidas, pergunte!
Miriam Benzecry

terça-feira, 19 de junho de 2018

A IMPORTÂNCIA DA HISTÓRIA JUDAICA

PARA REFLETIR ...


Certa vez, numa discussão, o rei Luis XIV (1638-1715) pediu ao matemático Blaise Pascal (1623-1662) que provasse a existência do sobrenatural, ao que Pascal prontamente respondeu: "Os judeus, Vossa Majestade, os judeus!".

Paul Johnson, historiador inglês, autor do best-seller A História dos Judeus (1987) escreveu no prólogo do livro, que a continuidade do povo judeu foi uma das quatro razões que o levou a recontar, a história do milenar povo judeu.

Johnson destacou que, desde Avraham, considerado o primeiro judeu, a História Judaica atravessou quatro milênios, ou seja, esteve presente em, pelo menos, três quartos da História mundial.


Autores, filósofos e historiadores vêm tratando o aspecto da sobrevivência judaica, justificando-a com argumentos até nem sempre tão racionais. A bem da verdade, a História Judaica desafia o curso natural da História mundial, pois nenhum povo conseguiu permanecer sem perder sua vitalidade e sua identidade, mesmo sofrendo perseguições e exílios, como os judeus.

Neste post vou me ater ao aspecto da preservação judaica ao longo das épocas, trazendo um pequeno trecho de um artigo bem interessante sobre as sete maravilhas da História Judaica à luz das fontes sagradas do TANACH. A publicação cita como primeira maravilha justamente a questão da eternidade do povo de Israel. Eis alguns exemplos:

1. Conforme trazido em Bereshit 17:7, D-us estabelece um pacto eterno com Avraham.
2. O pacto eterno estabelecido entre D-us e o povo será mantido por D-us ao longo do tempo, mesmo se o povo judeu não cumprir a sua "parte" (Vaikrá 26:44-45).
3. O livro de Jeremias traz que enquanto houver sol, lua e estrelas, o povo judeu existirá. (Irmiahu 31:34-36)

O povo judeu é privilegiado por fazer parte de uma corrente milenar, cujas tradições, valores e aprendizados vêm se transmitindo ao longo das gerações. Cabe a cada um de nós conhecer e apreciar essa valiosa herança para continuar escrevendo sua história.


Miriam Benzecry















quinta-feira, 14 de junho de 2018

COMO TUDO COMEÇOU

Olá!

Minha paixão por história judaica começou quase que por acaso. Se existe acaso!

Ao ser chamada para participar de um projeto de reformulação do currículo de história judaica na escola que trabalho, descobri que, assim como centenas de milhares de pessoas, tinha um conhecimento muito básico sobre o assunto.

Quase recusei o convite! Não me sentia nem um pouco preparada para este desafio.
D E S A F I O!

Foi a palavra que me motivou!

A partir de então comecei a ler, pesquisar e conhecer essa história, que é a minha história e, talvez, a sua também.

Não tenho a intenção de escrever nenhum tratado de história judaica. Somente compartilhar fatos, curiosidades, valores e aprendizados que a História Judaica pode nos ensinar.

Vamos trabalhar?


Miriam Benzecry