segunda-feira, 25 de junho de 2018

CONTANDO O TEMPO

PRIMEIRO PASSO PARA ENTENDER HISTÓRIA JUDAICA

Contar o tempo faz parte de nosso cotidiano. Quantas vezes olhamos o relógio durante o dia ou não saímos de casa sem saber o dia do mês ou da semana que nos encontramos? Estamos sempre conectados com o calendário conferindo os feriados, os aniversários, etc. Tecnicamente essa contagem é chamada de tempo cronológico. Existe também a contagem de tempo histórico, que está relacionado às mudanças e transformações comuns sofridas pela própria sociedade, numa determinada época. 

Enquanto que o tempo cronológico é regulado por medidas exatas (dias de 24 horas, meses de 30 ou 31 dias, etc), o tempo histórico considera os eventos em si, sem se preocupar se são de curta ou de longa duração (Idade Média perdurou por 1000 anos e Idade Moderna, 4 séculos). 

Em História, as duas formas de contar o tempo são importantíssimas, complementares e organizam a existência do ser humano. Vale destacar que o modo de contar o tempo pode variar com a crença, a cultura e os costumes de cada povo. Para se ter uma ideia, oito tipos de calendário são usados no mundo! 

Como estamos falando de História Judaica, neste espaço usaremos dois calendários como referência: o calendário judaico e o calendário gregoriano.

CALENDÁRIO JUDAICO

Desde os primórdios, a Torá (a Bíblia Judaica) traz seus principais eventos situando-os no tempo. Os sete dias da Criação; o nascimento e a morte das personalidades que aparecem no texto sagrado e, praticamente, todos os eventos descritos estão datados, inclusive com dia e mês.

Contar o tempo é tão essencial ao povo judeu, que a mitzvá (mandamento) de Consagração do Mês (Kidush Hachodesh) - o dia em que se começava a contar o novo mês, a partir do nascimento da lua nova, é considerada como a primeira mitzvá dada aos judeus como nação. Originalmente esse ritual acontecia mês a mês e cabia tão somente ao Sanhedrin de Jerusalém (Tribunal Rabínico) consagrá-lo. A cada novo mês determinava se este seria de 29 ou 30 dias. O Calendário Judaico foi fixado no século IV pelo grande sábio Hilel, que previu a dissolução do Sanhedrin e voga até os dias de hoje. 

Os judeus consideram a Criação do Mundo o fato histórico disparador de sua contagem. Assim, se, pelo Calendário Judaico estamos no ano de 5778, o mundo existe há 5778. 


CALENDÁRIO GREGORIANO

Promulgado pelo Papa Gregório XIII, em fevereiro de 1582, tem como fato histórico disparador o nascimento de Jesus. O que aconteceu antes desse fato será tratado como AEC (Antes da Era Comum) e, depois, como EC (Era Comum).


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Na minha opinião, um dos maiores desafios enfrentados àqueles que se aventuram nos caminhos da História Judaica é se localizar no tempo, ou seja, como lidar com as diferenças entre o uso do Calendário Judaico e o Calendário Gregoriano.

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 A MATEMÁTICA ENTRE O CALENDÁRIO JUDAICO E O GREGORIANO

A diferença entre os dois calendários é de 3760 anos (ou, de acordo com algumas opiniões, 3761). Por exemplo, se quisermos saber quando ocorreu a saída do Egito e a entrega da Torá, (ano de 2448 do calendário judaico), subtraímos 3760 de 2448 e obteremos o ano de 1312 AEC.
A conta reversa também pode ser aplicada. A expulsão dos judeus da Espanha em 1492 (calendário gregoriano) corresponde ao ano de 5252 do calendário judaico.

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Miriam Benzecry

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