Pogroms, perseguições, queima de livros, ataques ao patrimônio particular e a entidades comunitárias, privação dos direitos e cidadania, desemprego... a situação dos judeus na Alemanha e países fronteiriços era muito delicada. As políticas antijudaicas impostas por Adolf Hitler caminhavam a pleno vapor.
Estamos em 1938. Nuvens cinzentas assombram a população judaica.
Diante da situação caótica vivida pelos judeus na Alemanha nazista e na intenção de resolver a situação dos refugiados judeus daquela área, o presidente americano Franklin Delano Roosevelt (1882-1945) tomou a dianteira e convocou uma reunião com representantes de diversos países do mundo. Roosevelt objetivava discutir a questão judaica e, como resultado, esperava que os países absorvessem a massa crescente de refugiados judeus da zona de guerra.
Ao saber da conferência, Hitler exclamou:
"Eu só posso esperar que o outro mundo, que tem profunda simpatia por esses criminosos (em referência aos judeus), tenha pelo menos a generosidade de converter essa simpatia em ajuda prática. Nós, da nossa parte, estamos prontos para botar esses criminosos para fora daqui, e à disposição desses países, por mim, até em navios de luxo"(Landau, 2006, The Nazi Holocaust).
A conferência aconteceu entre os dias 6 e 15 de julho, na bucólica Évian-les-Bains, na França, no luxuoso Hotel Royal (foto abaixo) e contou com a participação de trinta e dois países, dentre eles, o Brasil. A Argentina participou como país observador, a Itália, de Benedito Mussolini (1883 - 1945), recusou-se a participar, a União Soviética não enviou representação. Países da Europa Oriental, de maior população judaica, restringiram-se a mandar observadores.
Ao saber da conferência, Hitler exclamou:
"Eu só posso esperar que o outro mundo, que tem profunda simpatia por esses criminosos (em referência aos judeus), tenha pelo menos a generosidade de converter essa simpatia em ajuda prática. Nós, da nossa parte, estamos prontos para botar esses criminosos para fora daqui, e à disposição desses países, por mim, até em navios de luxo"(Landau, 2006, The Nazi Holocaust).
A conferência aconteceu entre os dias 6 e 15 de julho, na bucólica Évian-les-Bains, na França, no luxuoso Hotel Royal (foto abaixo) e contou com a participação de trinta e dois países, dentre eles, o Brasil. A Argentina participou como país observador, a Itália, de Benedito Mussolini (1883 - 1945), recusou-se a participar, a União Soviética não enviou representação. Países da Europa Oriental, de maior população judaica, restringiram-se a mandar observadores.
Vinte e quatro organizações de trabalho voluntário tiveram autorização para participar da conferência como observadoras. Qualquer proposta vinda das mesmas teria de ser apresentada de forma oral ou escrita. Entidades judaicas também puderam participar. A conferência ganhou destaque na mídia internacional com a presença de centenas de jornalistas.
Centenas de milhares de judeus já haviam sido retirados da Alemanha e Áustria. Évian prometia. Mais que tudo, os judeus, que vivam na zona de risco, estavam cheios de esperança.
Quem sabe, finalmente, resolveriam suas atribulações e escapariam das garras opressoras do Nazismo?
Realmente houve solidariedade nos discursos proferidos pelos representantes das nações. Muitos concordaram que a situação dos refugiados judeus precisava ser resolvida, porém, a prática não acompanhou a teoria.
Receber os refugiados em seus países? Essa era outra história!
A Austrália argumentou não ter interesse em importar um problema racial real, já que não tinha nenhum. A Argentina alegou ser um país agrário e, por isso, não tinha espaço para imigrantes nos setores urbano e industrial. Quatro dias depois, proibiu receber pessoas expulsas de seu país por ideias políticas ou de origem racial. Estados Unidos, Grã-Bretanha e França mostraram-se contrários à política de imigração irrestrita.
Porém seria injusto não citar o exemplo da República Dominicana, que se dispôs a receber cerca de 100.000 refugiados judeus. Exemplo seguido mais tarde pela Costa Rica.
Centenas de milhares de judeus já haviam sido retirados da Alemanha e Áustria. Évian prometia. Mais que tudo, os judeus, que vivam na zona de risco, estavam cheios de esperança.
Quem sabe, finalmente, resolveriam suas atribulações e escapariam das garras opressoras do Nazismo?
Realmente houve solidariedade nos discursos proferidos pelos representantes das nações. Muitos concordaram que a situação dos refugiados judeus precisava ser resolvida, porém, a prática não acompanhou a teoria.
Receber os refugiados em seus países? Essa era outra história!
A Austrália argumentou não ter interesse em importar um problema racial real, já que não tinha nenhum. A Argentina alegou ser um país agrário e, por isso, não tinha espaço para imigrantes nos setores urbano e industrial. Quatro dias depois, proibiu receber pessoas expulsas de seu país por ideias políticas ou de origem racial. Estados Unidos, Grã-Bretanha e França mostraram-se contrários à política de imigração irrestrita.
Porém seria injusto não citar o exemplo da República Dominicana, que se dispôs a receber cerca de 100.000 refugiados judeus. Exemplo seguido mais tarde pela Costa Rica.
GRANDE FIASCO
O resultado da conferência ou a falta de, não poderia ter sido mais danoso aos judeus, ao mesmo tempo que, de uma certa forma, "validou" as políticas antissemitas perpetradas contra os judeus.
Diante disso, Chaim Weizman, ativista sionista, que se tornaria o primeiro presidente do Estado de Israel, disse: "O mundo parecia dividido em dois - os lugares onde os judeus não podiam viver e os lugares onde não podiam entrar".
Diante disso, Chaim Weizman, ativista sionista, que se tornaria o primeiro presidente do Estado de Israel, disse: "O mundo parecia dividido em dois - os lugares onde os judeus não podiam viver e os lugares onde não podiam entrar".
Depois de Évian, Hitler praticamente ignorou os apelos internacionais e, atropelando as mínimas atitudes de humanidade, pôs em prática seu plano de Solução Final para o problema judaico, que culminou no extermínio de seis milhões de judeus.
E SE ...?
Em julho de 1979, o então vice-presidente dos Estados Unidos, Walter Mondale descreveu a esperança representada pela Conferência de Évian:
"O que estava em discussão em Évian eram vidas humanas - e a decência e o
respeito próprio do mundo civilizado. Se cada nação tivesse concordado, em Évian,
naquele dia em abrigar 17 mil judeus de uma vez, todos os judeus do Reich poderiam
ter sido salvos. Como um observador americano descreveu: 'É de partir o coração
pensar em todos os ... seres humanos desesperados ... esperando aflitos o que iria
acontecer em Évian. Mas a questão que eles destacam é simplesmente humanitária
... é um teste civilizatório.'"
"O oposto do amor não é nenhum ódio, é a indiferença.
O oposto de arte não é a feiura, é a indiferença.
O oposto de fé não é nenhuma heresia, é a indiferença.
E o oposto da vida não é a morte, é a indiferença."
Fica a reflexão!
Até a próxima!
Qualquer dúvida, entre em contato comigo, pelo email
miriam.i.benzecry@gmail.com
FONTES:
https://www.lasegundaguerra.com/viewtopic.php?t=12305
https://encyclopedia.ushmm.org/content/pt-br/film/evian-conference-fails-to-aid-refugees
GILBERT, Martin. O Holocausto. São Paulo: Editora Hucitec, 2010.
Muito bom ! Parabéns
ResponderExcluirImpressionante...jamais poderia sequer imaginar que o mundo se comportou com antisemitismo geral com esses ao dos dois países citados.
ResponderExcluirRealmente para refletir
Ótimo postagem!!