quinta-feira, 9 de agosto de 2018

OPERAÇÃO EZRÁ E NECHEMIÁ - OPERAÇÃO ALI BABÁ

Logo depois da criação do Estado de Israel, em 1948, cerca de 120 mil judeus foram retirados de avião do Iraque e levados ao novo país, numa operação que foi denominada Ezrá (Esdras) e Nechemiá (Nehemias).


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                         Selo comemorativo dos 20 anos da saída dos judeus do Iraque



NA TORÁ (A BÍBLIA JUDAICA)

A primeira citação sobre a região, aparece depois da criação do homem, quando a Torá fala de um rio que saía do Jardim do Éden e se dividia em quatro rios, "o nome do terceiro rio é Chidekel, que escoa para o leste da Assíria (norte da Mesopotâmia, atual Iraque)", no mesmo versículo, a Torá continua "O quarto rio é Eufrates" (Bereshit 2:14). Sobre a origem dos nomes dos rios Chidekel e Eufrates, o exegeta Rabi Shlomo Itzchak, o Rashi (1040 -1105) explica que Chidekel, vem da palavra Chad (correntes) e (Kal) cristalinas, porque suas águas são correntes e cristalinas e Eufrates, em hebraico Perat, "porque suas águas são férteis (Parin) e multiplicam-se, deixando as pessoas saudáveis".

Mais adiante, a Torá narra sobre os primórdios da história do povo judeu, quando D-us determina a Avraham (Abrãao), conhecido depois como o primeiro judeu, para que deixe sua terra para habitar a Terra de Kenaan (Israel). Abraão era natural de Ur dos Caldeus e, naquela época morava em Charan (Harã), numa região denominada de Crescente Fértil.

As esposas dos patriarcas Isaac e Jacob também vieram de Harã.

(Para saber mais sobre o assunto, acesse o link  para o post A Periodização da História Judaica).



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Em 720 AEC, os Assírios comandados por Sancheriv (Senaqueribe) conquistaram e exilaram os habitantes do Reino de Israel, restando na Terra de Israel, o Reino de Iehudá. O Reino de Iehudá permaneceu até o ano de 586 AEC, quando foi conquistado pelos Babilônios sob comando do Rei Nevuchadnetzar (Nabucodonosor). Os judeus tiveram seu Templo destruído e foram exilados para a Babilônia.

OS JUDEUS NO IRAQUE

As primeiras informações históricas sobre a presença judaica na Babilônia datam de 597 AEC, quando uma leva de 10 mil judeus foram retirados do Reino de Judá, por Nabucodonosor, de forma que, quando os judeus foram levados cativos para a Babilônia, já encontraram alguma estrutura comunitária. Certa liberdade religiosa, a semelhança com o idioma hebraico e boas oportunidades econômicas facilitaram a adaptação dos judeus à nova realidade. 

Por que a Babilônia e não em outra terra? 

O Talmud relata que o grande Rabi Iochanan ben Zakai levantou a questão e ele mesmo respondeu: "Porque Abraão era procedente de lá!"

Mesmo após a conquista dos Persas e a permissão para retornar a Israel, as comunidades babilônicas se mantiveram e durante o domínio romano na Terra Santa, o Judaísmo Babilônico ganhou muita importância, passando a ser, inclusive, o centro do Judaísmo mundial. 

A Babilônia teve algumas importantes academias de estudo e grandes nomes do Judaísmo. O Talmud Bavli (da Babilônia) é de lá! Com o passar dos séculos e com a ampliação e abertura de novos centros judaicos na Europa, Judaísmo Babilônico entrou em declínio, diminuindo o peso e a influência que tinha em relação às comunidades judaicas no resto do mundo. 

Indubitavelmente, a comunidade judaica é uma das mais antigas comunidades judaicas, com um histórico de grandes e de significativas contribuições ao Judaísmo mundial.


EZRÁ (ESDRAS) E NECHEMIÁ (NEHEMIAS)

A operação de retirada dos judeus do Iraque levou o nome de duas grandes personalidades do Judaísmo Babilônico, Esdras e Nehemias, que, na antiguidade, lideraram o movimento de retorno a Israel (Shivat Tzion). Nehemias liderou a 1ª aliá (ida a Israel), que aconteceu logo após a conquista da Babilônia por Ciro, setenta anos depois da destruição do 1º Templo. Esdras, liderou a assim chamada 2ª aliá, que deu continuidade ao trabalho de seu antecessor.

A OPERAÇÃO EZRÁ E NECHEMIÁ

Depois da 2ª Guerra Mundial (1938 - 1945) e como reflexo do agravamento do conflito entre palestinos e israelenses, as relações entre os judeus iraquianos e a sociedade maior se mostraram bastante deterioradas com aumento das ondas de violência e da imposição de restrições aos judeus.

As medidas contra os judeus começaram a ganhar corpo quando, em 1947, o governo iraquiano declarou o Sionismo uma ofensa capital e proibiu a imigração para Israel. Todo aquele que tentasse deixar o país era condenado à prisão. Centenas de judeus foram presos.


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Em 1950, o Parlamento israelense (Knesset) aprovou a Lei do Retorno, quando, na prática conferia a todo judeu o direito natural de morar em Israel, o que levou os parlamentares à negociação com as autoridades iraquianas. O Iraque concordou com a saída dos judeus, sob as seguintes condições:
  • Desde que liquidassem seus negócios e propriedades no Iraque.
  • Cada pessoa só podia levar, no máximo, US$ 140 e carregar bagagens de até 66 kg.
  • Não podiam retirar as joias do país. 
O governo iraquiano foi surpreendido com o número de adesões dos judeus à campanha de saída do Iraque. Mesmo com tantas imposições, os judeus resolveram acatar o chamado do movimento sionista e optaram por deixar o país para começar uma vida nova na sua terra ancestral. Na época, a comunidade judaica contava com 135 mil pessoas.

A retirada dos imigrantes do Iraque levou meses e um trabalho árduo por parte dos israelenses. A companhia aérea El-Al empenhou-se para que a operação fosse bem sucedida.

Em 1952, a operação foi concluída. A grande maioria dos judeus da comunidade judaica deixou o Iraque interrompendo uma relação milenar de presença judaica na região.



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A operação Ezrá e Nechemiá incentivou e inspirou a realização de outras operações de resgate de judeus pelo mundo, como por exemplo, a Operação Tapete Mágico, que retirou judeus do Iêmen e Operações Moisés (1984 - 1985) e Salomão (1988 - 1991), que libertou os judeus da Etiópia.



Até a próxima!

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