domingo, 5 de agosto de 2018

DANIEL

O LIVRO DE DANIEL NO TANACH

O Tanach [Torá (Bíblia Judaica), Neviím (Profetas) e Ketuvim (Escritos)] é composto de 24 livros, assim divididos:

  • Torá - 5 livros - Bereshit (Gênesis), Shemot (Êxodo), Vaikrá (Levítico), Bamidbar (Números) e Devarim (Deuteronômio).
  • Neviím -  8 livros - Iehoshua  (Josué), Shofetim (Juízes), Shmuel (Samuel), Melachim (Reis), Ieshaiahu (Isaías), Irmiahu (Jeremias), Iechezkel (Ezequiel) e Trê-Assar (Doze profetas).
  • Ketuvim - 11 livros - Tehilim (Salmos), Mishlê (Provérbios), Iov (Jó), Shir Hashirim (Cântico dos Cânticos), Kohelet (Eclesiastes), Ester, Daniel, Ezrá/Nechemiá (Esdras/Neemias) e Divrê Haiamim (Crônicas).
O livro de Daniel é o sétimo livro dos Escritos sdaaa  e foi assim denominado, em referência à personalidade central da obra, o profeta Daniel. Com doze capítulos, parte em aramaico (idioma babilônico) e parte em hebraico, narra as experiências de Daniel e de seus três amigos, Chananiá (Hananias), Mishael (Misael) e Azariá (Azarias), que foram levados à Babilônia,  ainda muito jovens, pelo Rei Nabucodonosor (604 AEC - 562 AEC), em 596 AEC, onze anos da destruição do 1º Templo Sagrado, ainda na época do Rei de Judá, Iechoiakin (Joaquim).

(Para saber mais do período, acesse o link do post Os Períodos da História Judaica).


O PROFETA DANIEL


Conhecido também por Daniel Ish Chamudot (homem valoroso) pelas virtudes e pureza de caráter, vivia no palácio de Nabucodonosor, às voltas da mesa do Rei. Ele e seus três amigos, com o intuito de respeitar as leis dietéticas de Kashrut, não desfrutaram das refeições reais. Eles alimentavam-se de sementes e água. Não obstante, mantiveram-se saudáveis e de boa aparência.

Além da sabedoria e da inteligência, que superava a dos melhores magos e astrólogos do Império, Daniel tinha o dom de interpretar sonhos, habilidade  que rendeu-lhe muita grandeza e favorecimento na corte real.

Nabucodonosor tornou-se um rei poderoso de um Império grandioso. Muitos países estavam subjugados ao seu domínio, inclusive o Reino de Judá. Apesar do poderio, uma questão o incomodava: "O que iria acontecer no final de seu poderoso Império?".

Nabucodonosor obteve a resposta por meio de um sonho que
o deixou ansioso:
Imagem relacionada
Nele, o rei via uma imagem grande e de aspecto impressionante, que tinha a cabeça de ouro, os braços e o tórax de prata, o ventre e os quadris de cobre, as pernas de ferro e os pés, feitos de ferro e de barro. Uma mão invisível lançou uma pequena pedra, que veio em direção ídolo, destruindo-o completamente. Enquanto seus pedaços se espalhavam em todas as direções, a pedra se transformava numa grande montanha.

Místico, Daniel interpretou o sonho:

A cabeça de ouro representava o domínio do Império Babilônico. Depois deste, se levantará um reino inferior, como a prata (Império Persa). Um terceiro Império será como o cobre (Império Grego) e, por fim, um quarto Império que será forte como o ferro (Império Romano). A mescla de ferro e barro simbolizavam que o Império (Romano) se dividirá em dois. A pedra lançada pela mão invisível significava a "mão" de D-us, que estabelecerá no final dos dias, um reinado (Israel) que prevalecerá sobre todos os outros Impérios à sua volta.


Nabucodonosor obteve resposta à sua inquietação!

Abrindo um parêntese, o sonho de Nabucodonosor já se cumpriu inteiramente, faltando somente a última parte.



IMPÉRIO PERSA


Nabucodonosor foi sucedido pelo filho, Evil Merodach e, este, por Belshatzar (Baltazar).

Nos dias de Baltazar, aconteceu que Daniel foi chamado para interpretar uma visão estranha, que apareceu para o rei, na parede do salão de festas, bem no momento em que comemorava num banquete com seus nobres. Baltazar usava e ostentava os utensílios sagrados do Templo Sagrado destruído em 586 AEC.

Escrita em letras hebraicas, apareceu uma inscrição na sua parede, na língua aramaica, com quatro palavras (Menê - Menê -Takel - Ufarsim). Daniel interpretou quer isso predizia o fim, não só do reinado de Baltazar, como de todo Império Babilônico. Exatamente como no sonho de Nabucodonosor, naquela mesma noite, a a interpretação de Daniel se concretizou. A Babilônia caiu diante do Império Persa.



                          Tela de Rembrandt: o Rei Baltazar e a escrita misteriosa na parede


Daniel foi, mais uma vez, recompensado com roupas reais e jóias.

DANIEL NO FOSSO DOS LEÕES


Dariavesh (Dario), rei do Império Persa (e Meda), reconheceu a grandeza de Daniel e o nomeou chefe de seus ministros. Esse fato despertou a inveja dos inimigos de Daniel, que procuraram alguma "brecha" para afastá-lo do rei. O que eles fizeram?

Usando a justificativa de fortalecer o reinado de Dario, os ministros propuseram ao rei que decretasse que todo aquele que rezasse nos próximo 30 dias para o seu D-us, receberia como punição, a pena capital. No caso, tal indivíduo deveria ser jogado no fosso dos leões. O Rei aprovou a ideia.

Seguindo o costume judaico, todas as tefilot eram realizadas em direção ao Templo Sagrado, em Jerusalém. Daniel não só seguia este costume como, na casa dele, havia uma porta voltada para Jerusalém. Daniel não se intimidou, continuou mantendo o costume de rezar as três tefilot diárias.

Os ministros cobraram de Dario uma atitude contra Daniel e o sábio foi jogado no fosso dos leões. O livro de Daniel conta que ali houve um milagre: os leões não atacaram Daniel. Depois disso, o Rei decretou liberdade religiosa a todas as nações sob jugo de seu reinado.

Dario ficou pouco tempo no poder. Logo, foi substituído por Koresh (Ciro), o famoso Imperador da Pérsia.


O NOME DANIEL 


O nome judaico denota a essência da pessoa, reflete seus traços particulares de caráter e os dons concedidos por D-us. Assim é o nome Daniel, composto de duas palavras hebraicas de grande força: Din, severidade e restrição e E-l, o atributo divino relacionado à bondade.

A vida de Daniel atravessou por muitos Impérios. Ele foi afastado ainda muito jovem do convívio familiar e levado a uma terra distante com um objetivo claro de unir dois extremos, severidade (Din) e bondade (E-l).

Mesmo circulando nos palácios reais e aclamado por sua sabedoria, Daniel não pegou para si os créditos do sucesso, mas atribuiu seus talentos à força superior de D-us e, com uma fé inquebrantável, mostrou resiliência nos momentos mais atribulados de sua vida. Daniel foi exemplo e luz para o alquebrado espírito dos judeus na escuridão do exílio.


Até a próxima!

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