INTRODUÇÃO
Existem diversas formas de periodizar a História Judaica. Podemos dividi-la no espaço e no tempo, pelo agrupamento das personalidades e das lideranças judaicas nos períodos, pela produção e publicação de grandes obras que assinalaram a progressão da Halachá (Lei Judaica) ou, até mesmo, tentar encaixá-la dentro dos grandes períodos da História Geral.
Vale enfatizar que, as formas citadas não são excludentes, não contradizem umas às outras e não são consideradas inequívocas. Elas seguem uma lógica, apesar de que em alguns fatos nota-se um "quê" de arbitrariedade na escolha do período a que pertencem.
Resumindo: não há uma única possibilidade para esta tarefa!
O objetivo deste post é descrever, em linhas gerais, os períodos da História Judaica, quando e onde ocorreram, bem como, seus principais acontecimentos. Esse conhecimento possibilitará a "visualização" dos eventos em uma linha de tempo. Conhecer e situar os fatos históricos na cronologia é, com certeza, uma competência essencial em História, no nosso caso, em História Judaica.
Outro ponto importante, para fazer a correspondência do calendário gregoriano no calendário judaico é aconselhável ler o post CALCULANDO O TEMPO.
A PERIODIZAÇÃO DA HISTÓRIA JUDAICA
A História Judaica pode ser dividida em oito grandes períodos, a saber:
1. DO PERÍODO DOS AVOT (DOS PATRIARCAS BÍBLICOS ABRÃO, ISAAC E JACOB) AOS SHOFTIM (JUÍZES): 1800 AEC - 1000 AEC.
Vamos dividir este período em dois:A) PERÍODO DOS AVOT (PATRIARCAS):
O período teve início com D-us ordenando Avraham (Abrão) a deixar sua terra natal e se dirigir à prometida Terra de Kenaan (depois chamada de Terra de Israel). Mesmo já estabelecidos na região, Avraham e sua família e, posteriormente, seus descendentes peregrinaram por Beer Sheva, Chevron, Shechem e Egito.

A jornada de Abraão
B) PERÍODO DOS SHOFTIM (JUÍZES): SÉCULOS XI E XII AEC.
Esse período compreendeu também o estabelecimento dos filhos de Israel no Egito,
a escravidão e a libertação miraculosa dos judeus, a entrega da Torá, os 40 anos de andanças pelo deserto, a chegada e a conquista da Terra de Kenaan, por Iehoshua (Josué), líder e sucessor de Moshe (Moisés).
a escravidão e a libertação miraculosa dos judeus, a entrega da Torá, os 40 anos de andanças pelo deserto, a chegada e a conquista da Terra de Kenaan, por Iehoshua (Josué), líder e sucessor de Moshe (Moisés).
Obs: Todos os assuntos acima podem ser encontrdos nos cinco livros da Torá e no livro de Iehoshua (1º livro do NACH).
Neste período os judeus foram liderados pelos Shoftim, que tinham a missão de conduzi-los espiritual e militarmente. Não havia uma liderança unificada que centralizasse o poder, como na época de Moisés e Josué. Cada tribo tinha seu próprio Shofet. O livro de Shoftim 21:25 (2º livro do NACH, vide link acima) traz: "Naqueles dias não havia Rei em Israel e cada um fazia o que parecia certo aos seus olhos".
Apesar de ser marcado pela instabilidade, devido às constantes ameaças de invasão e guerras pelos povos inimigos, foi no Período dos Shoftim que se deu o processo de formação da nação judia. Houve 15 (há quem diga 16) Shoftim. Shmuel foi o último shofet do período e ungiu Shaul, primeiro rei de Israel e David, rei que o sucedeu.
2. BAIT RISHON (1º TEMPLO) OU PERÍODO DOS REIS: 1000 AEC - 586 AEC.
Essa época vigorou o regime monárquico na Terra de Israel. Esse período passou por três fases:
A) MONARQUIA UNIFICADA:
Marcada pelos reinados Shaul (1046 AEC - 1006 AEC), de David (1004 AEC - 965 AEC) e de Shlomo (Salomão) (965 AEC a 928 AEC). Foi no reinado de Salomão que o 1º Beit Hamikdash (o 1º Templo Sagrado) foi construído.
B) CISÃO DE ISRAEL EM DOIS REINOS: IEHUDÁ (JUDÁ/JUDEIA) E ISRAEL (928 AEC - 720 AEC).
Após a morte de Shlomo, Israel foi dividido em dois reinados: ao norte, o Reino de Israel e ao sul, o Reino de Iehudá. Com capital em Jerusalém, o Reino de Iehudá prevaleceu sobre os territórios das tribos de Iehudá e de Biniamin e seus reis perteciam à dinastia de David. Já o Reino de Israel, estabeleceu sua capital em Shomron (Samaria) e governava sobre as 10 tribos restantes. Apesar de irmãos, os reinos agiam com extrema rivalidade e, frágeis, ficaram à mercê das invasões dos inimigos.

C) O REINO DE IEHUDÁ APÓS A QUEDA DO REINO DE ISRAEL: (720 AEC - 586 AEC).
Em 720 AEC, os Assírios comandados por Sancheriv (Senaqueribe) conquistaram e exilaram os habitantes do Reino de Israel, restando na Terra de Israel, o Reino de Iehudá. O Reino de Iehudá permaneceu até o ano de 586 AEC, quando foi conquistado pelos Babilônios sob comando do Rei Nevuchadnetzar (Nabucodonosor). Os judeus tiveram seu Templo destruído, além de serem levados cativos à Babilônia, no chamado exílio babilônico.
3. PERÍODO DO BAIT SHENI (2º TEMPLO): (586 AEC - 70 EC).

O 2º Templo Sagrado
Na prática este período começa com movimento de retorno dos judeus a Israel (Shivat Tzion), em 537 AEC e perdurou até o ano de 70 EC, quando os romanos destruíram o 2º Templo. Exilados, os judeus foram espalhados pelo mundo, no chamado exílio romano.
Durante esse período, a Terra de Israel foi dominada por três grandes Impérios, nas suas respectivas épocas:
A) DOMÍNIO PERSA: (538 AEC - 332 AEC).
Os persas conquistaram a Babilônia, que foi absorvida pelo Império Persa. Depois de um breve reinado, Dariavesh (Dario) é sucedido por Koresh (Ciro), que autorizou a volta dos judeus à sua terra ancestral. Liderados por um descendente da casa de David, Zerubavel, uma pequena parte dos judeus se dirigiu para Israel e imediatamente começou os trabalhos de reconstrução do 2º Beit Hamikdash. Esse período se prolongou até os dias de Ezrá (Esdras) e Nechemiá (Nehemias). Em 515 AEC, ainda durante o domínio persa, o 2º Beit Hamikdash foi inaugurado.
B) DOMÍNIO HELÊNICO: (332 AEC - 37 EC).
Esse período pode ser dividido em duas etapas:
A primeira etapa foi marcada pelo Domínio Grego (332 AEC - 160 AEC), quando a minoria dos judeus se submeteu ao novo domínio. Os decretos de proibição de algumas práticas judaicas por Antíoco Epifânio desencadearam a revolta dos Chashmonaim (Chashmoneus), fato que é lembrado na Festa de Chanuká.
A segunda etapa foi marcada pelo domínio dos Chashmonaim (160 AEC - 63 AEC) que, pela primeira vez, depois de um longo período conseguiu plena liberdade política, o que contribuiu para o fortalecimento da identidade judaica do povo.
C) DOMÍNIO ROMANO (63 AEC - 74 EC):
Dentre todos os países que dominaram a Terra de Israel, o Império Romano é considerado, de longe, o mais difícil na História do povo judeu, justamente porque veio logo depois do profícuo período dos Chashmonaim. Carregado de hostilidade, resultou na destruição do 2º Beit Hamikdash e no exílio romano.
CRONOLOGIA
586 AEC - Destruição do 1º Templo Sagrado e Jerusalém, pelos Babilônios.
539 AEC - Conquista da Babilônia por Koresh (Ciro), Rei da Pérsia.
538 AEC - Édito de Ciro e início do retorno a Tzion (Jerusalém).
515 AEC - Término da construção do 2º Beit Hamikdash.
332 AEC - Conquista da Terra de Israel por Alexandre da Macedônia.
301 AEC - Conquista da Terra de Israel por Ptolomeu.
200 AEC - Conquista da Terra de Israel pelos Selêucidas (Sírios de forte influência helênica).
167 AEC - Revolta dos Chashmonaim (Chashmoneus) - Chanuká.
63 AEC - Conquista da Terra de Israel por Pompeu, Imperador Romano.
37 AEC - A Terra de Israel é governada por Herodes, que permanece no poder até 4 AEC.
66 EC - Início da Grande Revolta contra o domínio Romano.
70 EC - Destruição do 2º Templo Sagrado por Tito, o Imperador Romano.
74 EC - Derrota dos judeus e fim da Grande Revolta.
4. PERÍODO DA MISHNÁ E DO TALMUD ( SÉCULOS I - VI DA EC).
O período ganhou essa denominação graças às duas grandes obras do Judaísmo estudadas até os dias de hoje nas Ieshivot (casas de estudo): a Mishná e o Talmud (na verdade, forma escritos dois Talmudim: o Ierushalmi e o Bavlí). Iniciou ainda na época do domínio romano, findando com a conquista dos muçulmanos, no início do século VII.
Até o século II a Terra de Israel era o centro do Judaísmo mundial, apesar das tragédias que ocorreram ao povo judeu com a destruição do Beit Hamikdash e da derrota na Grande Revolta. Com o resultado da revolta de Bar Kochbá (132 EC - 135 EC), a situação dos judeus se agravou profundamente e, a partir dessa época, o núcleo do Judaísmo passou à Babilônia.
Devido à escassez de sábios de Israel e temendo que os conhecimentos transmitidos oralmente desde de Moisés fossem esquecidos, por volta do ano 200, Rabi Iehudá Hassí compilou a Torá Oral numa obra que foi denominada de Mishná.
O domínio romano pagão prevaleceu na Terra de Israel até o século III. Já em 324 EC (século IV), o Imperador católico Constantino, do Império Romano do Oriente (Império Bizantino) venceu Luciano, o pagão, do Império Romano do Ocidente. A partir daquele momento, a Terra de Israel passou para o domínio bizantino.
Resultantes dos debates dos sábios sobre a Torá Oral foram escritas mais duas obras, o Talmud Ierushalmi (de Jerusalém), compilado em hebraico, na terra de Israel, pelo grande sábio Rabi Iochanan, por volta do final do século IV e o Talmud Bavlí (da Babilônia), escrito em aramáico (idioma babilônico) no final do século V, por Rav Ashi e Ravina, dois grandes sábios da época.
ATENÇÃO: NA PRÓXIMA SEMANA TEM MAIS SDQ.
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