
A Palestina estava sob o mandato britânico. A cidade de Hebron, sul do território, era habitada por judeus e árabes que viviam numa certa tranquilidade.
Incitados por notícias de que os judeus pretendiam tomar o Monte do Templo, em Jerusalém, turbas árabes avançaram sobre a comunidade judaica de Hebron. Os ataques tiveram início em 29 de agosto de 1929, um sábado e, por três dias, a cidade de Hebron foi cenário de um espetáculo de terror e violência sem precedentes.
Na época, cerca de 800 judeus, entre homens, mulheres e crianças estavam estabelecidos na cidade. Uma minoria dentre uma significativa população de milhares de árabes.
O ataque vitimou 67 judeus, dentre eles, 12 mulheres e 3 crianças menores de 5 anos. A maioria dos homens assassinados eram jovens estudantes de uma Yeshivá, na cidade. Muitos feridos e mutilados. Sinagogas e casas foram depredadas. As vítimas fatais foram enterradas em sepulturas árabes coletivas e não tiveram direito a um enterro judaico digno.
Somente na casa de Eliezer Dan Slonim, filho do rabino da comunidade, foram assassinados 24 pessoas. Ele, inclusive, foi a primeira vítima a ser abatida. Nem seu filho mais velho de 6 anos, Aaron, foi poupado. A esposa morreu do coração ao presenciar a morte brutal de seu marido. Milagrosamente, o caçula da família, Shlomo, de apenas 1 ano e meio sobreviveu ao massacre.
Eliezer Dan (z"l) era dirigente de um banco israelense e, por conta do cargo, conseguiu inúmeros benefícios à comunidade judaica local. Também possuía bom relacionamento com os árabes que viviam em Hebron. Conta-se que em épocas de muito frio, os sheiks costumavam reunir-se na casa de Eliezer Dan para tomar café preto, jogar xadrez ou simplesmente conversar.
Segundo Leo Gottesman, na época um jovem estudante da Yeshivá, que sobreviveu ao massacre, escreveu: "Parece inacreditável que Eliezer Dan tenha sido morto pelos árabes".
Algumas famílias árabes tentaram ajudar os judeus escondendo-os dentro de suas casas. Centenas de judeus foram poupados.
Condenado pelas autoridades britânicas, o incentivador do ataque, Sheik Taleb Markah recebeu uma multa e a condenação de 2 anos de prisão. Penalidades brandas em relação à gravidade dos delitos cometidos. Enquanto que os judeus sobrevivientes foram realocados para Jerusalém.
Pela primeira vez, em centenas de anos, não havia judeus na sagrada cidade de Hebron.

Memorial às vítimas do massacre em Beth Hadassah
HEBRON NA HISTÓRIA

A cidade de Hebron é citado na Torá cerca de 87 vezes.
Por ocasião da morte de Sará, esposa do patriarca Avraham, como Kriat Arba (a cidade dos Quatro): "E morreu Sará em Kriat Arbá (Cidade dos Quatro), que é Hebron" (Gênesis 23:2).
Mas, este não é o único nome de Hebron. Ela possui dois outros nomes bíblicos: Eshkol e Mamré.
Avraham morou muito tempo lá, fez o brit milá (circuncisão) e recebeu a visita dos três hóspedes (anjos), trazendo-lhe a notícia que Sará geraria um filho.
A título de curiosidade, nossos explicadores trazem que alguns motivos para o nome Kriat Arba:
1. Em referência aos quatro gigantes que lá habitavam: Achiman, Sheshai, Talmai e o pai deles.
2. Em referência aos quatro casais que foram lá enterrados: Adão e Eva, Avraham e Sará, Yitzchak (Isaac) e Rivká (Rebeca), Yaakov (Jacob) e Leá.
Voltando ao falecimento de Sará, acrescento a seguinte informação relevante ao post desta semana:
Apesar de que Avraham poderia se valer da posse da terra prometida por D-us para enterrar Sará, o local foi adquirido por ele por 400 ciclos de prata numa negociação amplamente descrita na Torá (Bereshit 23). Ao final, depois de pagar em "cash" pelo campo e pela cova, Avraham enterrou sua esposa em Mearat HaMachpelá. Fato testemunhado, inclusive, pelos filhos de Chet, povo cananeu que habitava o território.
Na época de Iehoshua, por ocasião da distribuição da terra de Israel entre as 12 tribos, coube a Kalev Ben Iefunê (o espião que falou bem da terra de Israel, junto com o próprio Iehoshua) a cidade de Hebron. Kalev liderou sua tribo na conquista da cidade e arredores.
O Midrash conta que no trajeto para cumprir a missão de espionar a terra, Kalev ben Iefunê separou-se do grupo e seguiu em direção a Hebron, na Mearat HaMachpelá, para rezar no túmulo dos patriarcas e pedir proteção do mau conselho dos espiões.
Já no período dos reis de Israel, depois da morte de Saul, David permaneceu 7 anos em Hebron como rei de Judá até ser nomeado rei de todo Israel.
Os judeus da cidade de Hebron viveram continuamente na cidade atravessando os períodos em que Israel estava sob domínio bizantino, árabe, mameluco, otomano e britânico. Somente por ocasião do pogrom de 1929, os judeus foram retirados da cidade, retornando a partir de 1931. Em 1936, temendo um novo ataque, as autoridades britânicas retiraram os judeus.
Após a criação do Estado de Israel, em 1948, Hebron foi tomada pela Jordânia, que esteve empenhada em apagar qualquer resquício da vida judaica na cidade. O bairro judeu foi arrasado, o cemitério judaico foi profanado. Nem mesmo a antiga sinagoga Avraham Avinu, construída em 1540, por judeus espanhóis fugidos da Inquisição, escapou da destruição. O domínio jordaniano prevaleceu até 1967, quando, por ocasião da Guerra dos Seis Dias, a cidade voltou a ter administração judaica.
Em 1967, o major-general Shlomo Goren, rabino-chefe do exército foi o primeiro judeu a entrar na Mearat Hamachpelá. Desde então, os judeus vêm lutando para adquirir o direito de fazer suas orações nos túmulos de seus patriarcas e matriarcas.
MEARAT HAMACHPELÁ
O grande edifício que conhecemos hoje como Mearat HaMachpelá foi construído durante o governo de Herodes sobre a Judeia. Por volta de 1490, o acesso foi fechado à gruta onde estão enterrados nossos patriarcas e esposas foi fechada.

Apesar do assunto não ser nada agradável, espero que, pelo menos, tenha sido útil.
Até a próxima!
Para contato e dúvidas: miriam.i.benzecry@gmail.com
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