Mas, será que realmente sabemos o motivo dessa alegria ímpar?

O uso do reco-reco é tradicional em Purim
O objetivo do post da semana é, justamente, trazer a história de Purim de forma simples e didática para que, sabedores da história, possamos nos alegrar de maneira legítima e real, e comemorar (mais uma vez) a nossa existência e permanência como povo.
Um brinde à vida! Lechaim!!!
CONTEXTO HISTÓRICO
Logo após a destruição do Primeiro Templo Sagrado, os judeus foram obrigados pelos babilônios a deixar a Terra de Israel rumo à Babilônia, onde, com o passar dos anos se adaptaram ao novo ambiente. Os judeus construíram casas de estudo e sinagogas sedimentando uma grande e profícua comunidade judaica. O Judaísmo babilônico ficou bem conhecido por suas grandes obras e sábios.
Os persas vieram, conquistaram a Babilônia e fizeram com que Império Babilônico desaparecesse. Uma nova grande potência ascendeu. Com 127 países, o Império Persa ia "desde a Índia até a Etiópia". Os judeus passaram a viver sob o domínio persa, cuja capital era a cidade de Shushan (Susa).
A história de Purim aconteceu no ano de 3392 (calendário judaico) - 369 AEC.
A PROFECIA DOS SETENTA ANOS
Havia uma profecia de Jeremias (Irmiahu), que antevia a reconstrução do Segundo Templo Sagrado depois de passados 70 anos do exílio babilônico. Achashverosh (Assuero), o soberano persa na época, ao calcular quando se encerrava o período, errou nas contas. Por conta disso, ele concluiu que passados os setenta anos da profecia, como os judeus não retornaram à Terra Santa para reconstruir o Segundo Templo, eles permaneceriam para "sempre" em exílio, no Império Persa. Para ele, era também um sinal claro de que o seu Império seria eterno.
Achashverosh resolveu comemorar em grande estilo.
BANQUETE
Achashvesrosh promoveu dois grandes banquetes comemorativos. O primeiro durou 180 dias e o segundo, somente para os habitantes da capital Shushan, que durou 7 dias. Convidou os judeus. Por soberba, ele ainda usou os utensílios do Primeiro Templo Sagrado confiscados na época da destruição do Templo.
Apesar dos esforços de Mordechai, líder judeu da geração, muitos judeus participaram da festa.
VASHTI
Vashti, a rainha, que era descendente dos reis da Babilônia, também realizou um banquete para as mulheres no seu palácio. Segundo é narrado na Meguilá, ela recusou-se a ir despida (vestida somente com a coroa real sobre a cabeça) para apresentar-se diante dos convidados do rei, que mandou matá-la por rebeldia.
ESTER
Uma nova rainha foi escolhida para ocupar o lugar de Vashti: Ester. Prima de Mordechai, durante o período de permanência no palácio, ela manteve em segredo o fato de ser judia.
Aliás, Ester foi adotada por Mordechai tão logo nasceu. O que poucos sabem é que Ester tinha um nome de judaico de batismo: Hadassá.

Hadass (murta)
Os nomes Ester e Hadassá representam a essência da personalidade da personagem principal da história de Purim, a rainha Ester.
Conforme é trazido no Talmud, Meguilá 13a:
Ester é um nome derivado da raiz hebraica da palavra "hester", que significa ocultação, pois ela não revelou sua origem judaica, seguindo as instruções de Mordechai. O nome tinha também uma semelhança ao vocábulo persa "estehar", que significa lua/crescente, em referência à sua beleza ímpar (como a lua).
Já Hadassá vem da palavra Hadass (murta), a planta que tem aroma agradável e doce. A murta é uma espécie que compõe as "Quatro Espécies" de Sucot, àquela que tem "cheiro, mas não tem gosto". A murta representa uma metáfora usada com frequência para descrever as pessoas justas.
Em falar em ocultação, o nome de D-us não aparece escrito na Meguilá. O motivo disso é que toda a história de Purim é uma sequência de eventos naturais (nada de sobrenatural acontece na história) e transmite a ideia de que mesmo os eventos mais naturais do dia-a-dia são causados e manipulados por D-us, em benefício do povo de Israel, apesar de Sua ocultação ostensiva nessa natureza dominante.
Existe uma tradição que, ao aparecer na Meguilá a palavra "Melech" - Rei, sem vir junto com o nome do rei (Melech Achashverosh), este refere-se ao D-us único.
O COMPLÔ
Por fazer parte do San'hedrin (Grande Tribunal Judaico), Mordechai era fluente em muitos idiomas, inclusive o falado por pelos dois guardas de Acahashverosh, Bigtan e Teresh, que planejaram um atentado à vida do monarca.
Mordechai relatou o plano a Ester, que, por conseguinte, contou a seu marido, em nome de Mordechai. Os dois rebeldes foram condenados, enquanto que o fato foi registrado no livro de crônicas do rei - uma espécie de diário particular onde era anotada sua rotina.
Mordechai não recebeu nenhuma recompensa.
HAMAN: AÍ VEM ELE!
Neste meio tempo, Haman é nomeado Primeiro Ministro e, com tanto poder, decretou que todos que cruzassem com ele teriam que se curvar e se prostrar em sinal de respeito. Mordechai não acatou a ordem por ser judeu.
Haman quis se vingar não somente de Mordechai, mas de todos os judeus. E elaborou um plano perverso: Na presença do rei Achashverosh, ele declarou que "Existe um povo espalhado e disperso entre os povos, em todas as províncias do seu reino, cujas leis são diferentes das leis de todos os povos e que não cumpre as leis (decretadas) pelo rei e que não convém ao rei tolerá-lo" (Meguilá 3:8).
Como só esses argumentos não seriam suficientes para convencer Achashverosh, Haman ofereceu uma larga soma em dinheiro - 10 mil talentos para o tesouro real. O rei não aceitou o dinheiro e deu o seu anel real a Haman ele fazer o que bem entendesse com os judeus.
Haman não perdeu tempo.
Chamou escribas para que redigissem cartas anunciando o dia 13 de Adar como o dia destinado ao extermínio do povo de Israel. As cartas foram escritas no idioma falado por cada país que fazia parte do Império, de forma que, ficasse claro para todos o intento do decreto.
PURIM
Como Haman chegou nesta data? Fazendo dois sorteios!
Daí o nome Purim: Pur - sorteio Purim - sorteios. Um sorteio decidiu o mês do extermínio e o outro, o dia.
HAMAN X MORDECHAI
Vale citar mais um importante fato ocorrido séculos antes, na época do reinado de Saul, o primeiro rei de Israel.
O rei Saul, pertencente à tribo de Biniamin, fora ordenado por D-us a eliminar todo o povo de Amalek. A ordem não foi completamente cumprida, visto que Saul preservou a vida de Agag, o rei amalequita. Este ato fez com que o reinado de Saul fosse descontinuado (1 Samuel 15).
Haman era descendente de Agag. Inclusive, existem seis referências a esse fato na Meguilá de Ester. Por outro lado, a Meguilá também fala da ascendência de Mordechai. Ele era filho de Yair, filho de Shim'í, da tribo de Binyamin (Meguilat Ester 1:1).
O descendente de Agag - Haman e o descendente de Saul - Mordechai se encontraram centenas de anos depois. Haman quis destruir o povo judeu e Mordechai lutou pela sobrevivência de seu povo.
Ao derrotar Haman e seus descendentes, Mordechai terminou o trabalho "incompleto"de Saul.
A REAÇÃO DE MORDECHAI
A notícia do decreto de Haman logo chegou aos ouvidos de Mordechai.
Mordechai "rasgou suas vestes e cobriu-se de saco e de cinzas" em sinal de luto. O povo de Israel também chorou amargurado. Mordechai conclamou o povo judeu a fazer teshuvá com preces e jejuns.
Mordechai avisou a Ester e pediu que esta procurasse Achashverosh para pedir por seu povo. A princípio, Ester ficou temerosa. Há muito não havia sido chamada pelo rei. Mordechai foi enfático: "Não pense que somente você se salvará por estar na casa do rei!". Também disse que se não fosse ela, Ester, a salvadora do povo judeu, a salvação viria de outro lugar.
Ester pediu que jejuassem por três dias. Ela e suas servas também jejuariam.
Mordechai fez conforme Ester pediu.
ESTER NO PALÁCIO
Depois do jejum, Ester foi ao palácio, onde foi bem recebida pelo rei.
O rei perguntou o que ela queria, pois até a metade do reino ele daria, se assim Ester quisesse. Ester pediu que ele viesse, junto com Haman, ao banquete que ela daria em sua casa. O rei mandou apressar Haman e ambos foram ao banquete de Ester.
Mais uma vez, o rei perguntou qual era o pedido de Ester. Ela respondeu que ambos comparecessem a um segundo banquete que ela ofereceria no dia seguinte.
Haman não se continha de tanta alegria pela honra recebida na casa da rainha. Mal saiu do banquete, encontrou com Mordechai no caminho, que mais uma vez não se prostrou perante ele. Haman ficou irritado pela atitude de Mordechai.
Chegando em casa, contou para Zeresh, sua esposa. Zeresh o aconselhou a construir uma forca muito alta para enforcar Mordechai. Haman seguiu o conselho de Zeresh.
A QUEDA DE HAMAN
Naquela mesma noite, depois do banquete com Esther e Haman, Achashverosh não conseguia dormir. Pediu que lhe trouxesse o livro de crônicas. O rei foi lembrado do caso de Bigtan e Teresh, os dois guardas que queriam matá-lo. Viu também que Mordechai não havia recebido nenhuma recompensa por ter salvado a vida do rei.
Na manhã seguinte, logo cedo, Haman foi falar para o rei enforcar Mordechai. Nem bem entrou no pátio foi chamado por Achashverosh, que lhe perguntou: "Que se deve fazer ao homem a quem o rei deseja honrar?" (Meguilá 6:6).
Haman pensou que o rei queria lhe presentear com alguma honra e ele respondeu: "Que seja vestido com os trajes reais, monte no cavalo do rei e que use a coroa real na cabeça. E que desfile pela praça da cidade, puxado por um dos príncipes da fidalguia e que conclamem diante: "Assim se faz ao homem a quem o rei deseja honrar"' (Meguilá 6:8-9).
O rei não pestanejou. Mandou que Haman fizesse para Mordechai exatamente conforme havia sugerido. Coube ao próprio Haman puxar o cavalo de Mordechai. Sem tirar nem pôr.

Haman foi chamado para o segundo banquete promovido por Esther.
"QUEM COM FERRO FERE, COM FERRO SERÁ FERIDO"
Ester finalmente revelou ao rei Achashverosh sua origem judaica e o plano de genocídio de Haman. Ao implorar por sua vida, Haman cai por cima de Ester. O rei presenciou a cena e deduziu que Haman quisera assediar sua esposa na sua frente.
Haman foi enforcado na forca que preparou para enforcar Mordechai.
Achashverosh legou a propriedade de Haman para Ester, que, por sua vez, a entregou para Mordechai administrar. Mordechai também recebeu o anel real.
De acordo com as leis persas, como um decreto emitido e selado pelo rei não poderia ser revogado, foi permitido promulgar outro decreto permitindo que os judeus se defendessem e matassem seus inimigos. Os dez filhos de Haman também foram mortos.
Achashverosh instituiu novos impostos sobre o povo e Mordechai cresceu aos olhos do rei.
A comemoração de Purim foi instituída por Mordechai e Ester para todas as gerações. Além de escutar por duas vezes a leitura da Meguilá, os judeus aproveitam o dia para fazer algumas mitzvot que fortalecem a união do povo: mandar um cesto com pelo menos dois alimentos, dar dinheiro aos mais necessitados e confraternizar numa refeição festiva.
"Para os judeus houve esplendor, alegria, regozijo e honra" (Meguilá 8:16).
Este post é dedicado à memória de meu querido pai Yehudá ben Sol, falecido em 13 de Adar.
Espero que tenham gostado.
Purim Sameach!!
Comentários e perguntas podem ser enviados para miriam.i.benzecry@gmail.com
Miriam,gostei muito de ler essa história
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