Túmulo de Shmuel, o profeta, em Ramá, território de Efraim
REVISÃO DO PERÍODO DOS SHOFTIM
YEHOSHUA (Josué), o sucessor de Moshê (Moisés) morreu aos 110 anos. Sem deixar um líder que unificasse o povo, teve início o Período histórico dos Juízes - Tekufat Hashoftim.
O período dos Shoftim durou cerca de 335 anos e, teve como característica o círculo recorrente de "descidas" e "subidas" espirituais que começava com um período de calmaria. O povo de Israel transgredia as leis da Torá, e como consequência, era atacado por um inimigo. Arrependido, se comprometia com as leis da Torá. D-us, então, mandava um líder, o Shofet, que os conduzia à vitória sobre o inimigo. Um novo período de tranquilidade se instaurava até que um novo ciclo retomasse.
Ao todo, 15 Shoftim lideraram o povo de Israel. Uns mais conhecidos, outros, nem tanto. Para mais detalhes sobre o período, aconselho acessar os posts sobre GUID'ON BEN YOASH e SHIMSHON.
SHMUEL, O PROFETA
A história do profeta Shmuel (Samuel) começa ainda antes de seu nascimento, na época de Eli Hacohen, o décimo quarto (e penúltimo) Shofet. Shofet (juíz) é o singular de Shoftim (juízes).
Na montanha de Efraim, vivia um destacado judeu de nome Elkaná (filho de Yehoram, neto de Elihú e bisneto de Tzuf). Elkaná tinha duas mulheres, Hana e Pnina. Hana era estéril, já Pnina tinha muitos filhos (o Midrash fala em 10 filhos).
Por conta da proliferação das ideias idólatras na terra de Israel e por não compactuar destas, Elkaná fazia questão de subir até Shiló, onde estava o tabernáculo (Mishkan), para oferecer sacrifícios para D-us. Elkaná levava sua família inteira para cumprir com a importante mitzvá de Aliá Lareguel (perigrinação ao Santuário). Ele fazia isso algumas vezes por ano e sempre escolhia um caminho diferente para que mais pessoas pudessem ser influenciadas por ele. Por onde passava, Elkaná levava alegria e incentivava o povo a segui-lo.
Pelo fato de não ter filhos, Hana vivia amargurada. Pnina, por outro lado, não perdia a oportunidade de lembrá-la de sua infertilidade. Certa vez, quando estavam em Shiló, por ocasião da distribuição das porções do sacrifício oferecido por Elkaná, Hana levantou-se chorando, recusando-se a comer da porção especial destinada a ela. Vale lembrar que as porções do sacrifício eram distribuídas por Elkaná a Peniná e aos seus filhos e filhas. Como demonstração de apreço, Hana recebia uma porção maior do que os demais.
Hana levantou-se, rezou a D-us e chorou copiosamente. Naquela ocasião fez uma promessa que, se tivesse um filho (homem), ele seria um Nazir (Nazireu - veja a definição e as implicações do Nazirato, no post de Shimshon - link acima) e que ele dedicaria sua vida ao serviço divino.
Eli, o Cohen, que estava sentado junto a uma coluna do Templo, observou que Hana movia seus lábios, sem, no entanto, ouvir nenhuma palavra que saía da boca da mulher. Eli concluiu que Hana estava embriagada. Eli foi tomar satisfações com Hana.
Ao constatar o engano, Eli a abençoou, dizendo: "Que D-us conceda o seu pedido!".
Hana voltou para onde estava a família e ingeriu sua porção do sacrifício. Parecia que a vida estava lhe sorrindo, pois a amargura e a angústia haviam passado.
"EL HANAAR HAZE HITPALALTI" - "POR ESTE MENINO, EU REZEI"
Realmente o pedido de Hana se concretizou, ela concebeu um menino, que foi chamado de Shmuel, "ki MeHashem Sh'iltiv" - "Porque o tenho pedido a D-us".
Durante a primeira infância de Shmuel, Hana deixou de acompanhar Elkaná nas peregrinações até Shiló. Ela espera que o pequeno ficasse mais forte para que pudesse cumprir a promessa de entregá-lo ao trabalho sagrado no Mishkan. O que foi feito tão logo completou 2 anos de vida, quando Shmuel foi desmamado.
A família retornou para casa e Shmuel ficou servindo a D-us, em Shiló, sob tutoria de Eli, o Cohen.
OS FILHOS DE ELI
Apesar de serem filhos do abnegado Eli, Chofni e Pinchas eram perversos. A conduta dos jovens não condizia com que se era esperado dos filhos do Sumo Sacerdote e líder da geração. Pelo contrário, aproveitavam-se da posição privilegiada para receberem subornos e para manchar a honrada posição dos sacerdotes (Cohanim).
Enquanto isso, Shmuel servia diligentemente seu mestre. Eli foi envelhecendo e a má fama de seus dois filhos, que corria por todos os cantos da terra de Israel, chegou aos seus ouvidos. O sacerdote os admoestou: "Os juízes julgam as ações do homem para com o próximo, porém contra D-us, quem o defenderá?". Em vão.
Os filhos de Eli continuaram no caminho corrupto e acabaram morrendo num confronto com os filisteus. Ao saber da morte de seus filhos, Eli também acabou morrendo. Shmuel assumiu a liderança do povo.
SHMUEL, O NOVO LÍDER
Shmuel não contentou-se em ficar em Shiló, esperando que o povo fosse a sua procura. Ele saía ao encontro do povo, estimulando e motivando os judeus a seguirem o caminho de Torá e mitzvot. Shmuel incentivou o povo a levar uma vida plena dentro do plano divino.
Quando Shmuel assumiu a liderança, o povo encontra-se desunido. Eram doze tribos literalmente separadas. O ponto em comum entre elas era que, juntas formavam um país: Israel.
Com a política de aproximação do povo, Shmuel conseguiu uni-los novamente, vencendo seus arqui-inimigos - os filisteus. Reconquistaram as cidades capturadas pelos filisteus e reconstruíram Shiló, a cidade onde se localizava o Santuário.
Shmuel jamais recebeu pagamento pelo trabalho que realizava. Aclamado por todos, pôde ser comparado a Moshe e a Aharon, conforme está escrito no livro do Tehilim: "Moshe veAharon bechoanav, uShmuel bekoreê Shemo, Kor'im el Hashem veHu Iaanem" - "Moisés e Aarão estavam entre Seus sacerdotes e Samuel entre os que invocaram D-us ... Eles chamavam D-us e Ele lhes respondia" (99:6).
O PRIMEIRO REI DE ISRAEL: SHAUL (SAUL)
Com o aumento das investidas dos filisteus, o povo pediu para Shmuel que nomeasse um rei "como todas as nações", para liderar nas batalhas contra os inimigos. A princípio, a ideia não agradou o profeta, mas acabou aceitando.
A nomeação de um rei para o povo de Israel, deu início ao Período histórico dos Melachim (Reis). O primeiro rei escolhido foi Shaul, que falhou na missão de exterminar os amalequitas. David foi, então, nomeado para substituí-lo.
Shmuel morreu e foi enterrado na terra de seus ancestrais.
Com este post, encerramos o tema dos Shoftim.
Espero que tenham gostado.
Dúvidas e observações podem ser enviadas para miriam.i.benzecry@gmail.com
Até a próxima!
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